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Interoperabilidade na saúde: uma necessidade urgente para os centros médicos


Basta conversar com qualquer pessoa para saber que, em algum momento, durante atendimento hospitalar ou em consultas, ela ficou insatisfeita com a qualidade do atendimento na recepção, com o tempo de espera, com a qualidade das informações e da atenção dada pelo médico, entre outras coisas que prejudicam a reputação das instituições. 

Para as clínicas e hospitais, isso representa risco de perder pacientes que migram para outros consultórios em busca de um atendimento melhor.

É importante lembrar que o setor de saúde é uma área super complexa, de forma que, encontrar esses desafios em algum momento é natural. O que não se pode é normalizar estes obstáculos sem superá-los.

Diariamente, a rotina dos serviços médicos envolve ferramentas de prontuário médico eletrônico, sistema de arquivamento de informações, de comunicação e de gestão da instituição.

Com tantos dados de pacientes sendo compartilhados a todo momento, em todos os atendimentos, a consequência de não ter informações integradas acaba prejudicando diretamente o trabalho dos profissionais e implicando na relação com os pacientes.

Mas tem um jeito de solucionar esse problema através da interoperabilidade na saúde.

Você já ouviu falar nisso?

Nós explicamos tudo sobre o que você precisa saber sobre essa tecnologia.

O que é interoperabilidade na saúde?

A interoperabilidade consiste no trabalho simultâneo, de diferentes sistemas, que ‘conversam’ entre si, mesmo possuindo particularidades próprias. 

Na prática, a interoperabilidade permite que estes sistemas trabalhem sem a necessidade de intervenção de uma pessoa, graças a implementação de normas-padrão.

A interoperabilidade na saúde visa integrar, a partir de protocolos de padronização, dados, laudos, exames, imagens, entre outras informações que podem ser compartilhadas e lidas com facilidade por diferentes sistemas.

No dia a dia, isso funciona da seguinte maneira:

Imagine que uma pessoa que passou mal em casa foi encaminhada ao hospital. Na urgência do momento, diante do fato que o sistema da instituição não consegue buscar e acessar o histórico de exames já realizados pela pessoa, acaba se tornando necessário que os exames sejam realizados novamente.

Tudo isso pela simples falta de integração.

Além de representar custos que poderiam ser evitados – com acesso ao histórico de exames -, também pode ser decisivo para a saúde do paciente dependendo da gravidade e urgência da situação.

Dessa forma, a interoperabilidade na saúde representa uma estratégia eficiente para melhorar a gestão e o atendimento das clínicas e hospitais.

Como funciona a interoperabilidade na saúde?

Primeiramente, para ter essa característica, os sistemas devem trabalhar com padrões classificados como abertos ou ontologias

O objetivo é que os dados e informações possam ser acessados em uma mesma interface, que permite que a comunicação não seja fragmentada.

Entre os sistemas utilizados no setor médico que podem se beneficiar da integração de dados através da interoperabilidade estão:

Sistema RIS (Sistema de Informação Radiológica)

O sistema RIS permite emitir e enviar laudos à distância, mantendo a qualidade das imagens a serem interpretadas pelos especialistas, além de oferecer agilidade e enriquecer o diagnóstico a partir da coleta de mais de um parecer médico.

Sistema PACS (Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens)

O PACS, sistema de armazenamento de imagens e de comunicação para clínicas que fazem diagnóstico por imagem, tem função principal de padronizar e facilitar a comunicação entre clínicas, hospitais e médicos. 

PEP (Prontuário Eletrônico do Paciente)

Sistema que permite o registro de todos os dados do paciente e o compartilhamento seguro com os especialistas envolvidos no atendimento.

HIS (Hospital Information System)

Ferramenta de gestão de hospitais, clínicas e pacientes, bastante importante para o instituições que trabalham com todos os níveis de atendimento ao paciente, já que permite:

  • Quantificar as consultas realizadas
  • O número de leitos disponíveis em hospitais
  • A quantidade de cirurgias, internações e outras atividades

Dessa forma, através do cadastro de pacientes, o sistema HIS é um sistema de informações hospitalares, que registra procedimentos realizados e faz o levantamento de custos gerados.

Em centros de diagnóstico por imagem, os exames podem ser integrados ao HIS por meio da compatibilidade com o sistema, facilitando o faturamento e a adoção de medidas diante de possíveis problemas.

Diferenças entre os sistemas HIS e RIS

Devido a escrita e pronúncia, os dois sistemas usados para trazer a digitalização para a área da saúde podem causar confusão. Mas saiba que eles têm funções diferentes.

O sistema RIS tem como principal função controlar todos os fluxos de atividades que ocorrem dentro de um centro de diagnóstico: recepção, atendimento, agendamento, paciente, diagnóstico e laudo.

No dia a dia, ele está mais relacionado a parte prática, pois permite monitorar o tempo que o paciente passa entre a recepção, atendimento, consulta, solicitações de especialidades médicas por telefone, e ainda permite acompanhar o desempenho da equipe através do acompanhamento do status das tarefas realizadas.

Enquanto isso, o sistema HIS é uma ótima ferramenta de cadastro e controle de informações de saúde, seja pelo registro de pacientes, mas principalmente pelo levantamento dos exames padronizados na instituição, auxiliando diretamente gestores e administradores na tomada de decisão.

GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos)

O GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos) é um sistema simples que tem como objetivo o gerenciamento de documentos na área da saúde, a partir de um conjunto de módulos integrados que permite que as empresas gerenciem documentos de forma física e digital. 

Sua função parte do seguinte ideal: permitir que as pessoas certas acessem os documentos certos, na hora e dia em que desejarem, promover a transparência administrativa, controlar o fluxo de documentos, tornar a tomada de decisões mais rápida, diminuir custos, gerar ganhos de tempo e impulsionar os resultados.

LIS (Sistema de Informação Laboratorial)

O LIS (Sistema de Informação Laboratorial) é um software para laboratórios que desejam fazer a gestão de fluxo das informações relacionadas aos processos comuns aos laboratórios.

Do cadastro de pacientes até o controle dos exames, o LIS permite de controlar de forma automatizada e muito específica o fluxo de exames, a padronização, entre outros detalhes, garantindo segurança aos processos.

CIS

Dentre os vários tipos de dados que podem e devem ser gerenciados em clínicas, hospitais, centros de imagem e laboratórios, estão dados dos pacientes, dados das cultas, resultado de exames, histórico do paciente, entre outras informações que são organizadas através do uso de softwares CIS.

Entre os softwares CIS utilizados neste controle estão o LIS e o HIS, citados acima, e também o sistema PACS.

Dessa forma, os sistemas CIS são amplamente utilizados, com diferentes objetivos, para oferecer fácil acesso a informação, segurança e auxiliar na tomada de decisão.

Os benefícios da interoperabilidade na saúde

Qualificação no atendimento

Um dos principais benefícios da interoperabilidade vem da centralização das informações e dos dados, permitindo que o responsável do setor que ganhe mais agilidade, mais eficiência no diagnóstico, já que é possível acessar e compartilhar diferentes informações do paciente, permitindo, enfim, ter uma visão integral da saúde da pessoa em questão.

Mais agilidade nos processos

A interoperabilidade permite que todos os dados sejam acessados de uma só vez, o que evita que o profissional de saúde perca tempo com atividades desnecessárias, como a troca de um programa para outro a fim de obter acesso a todas as informações do paciente.

Como consequência, o profissional tem a possibilidade de oferecer um atendimento mais atencioso, centrado e dedicado às necessidades do paciente, elevando a experiência dentro da clínica ou hospital como um todo.

Como implementar a interoperabilidade na saúde em uma instituição

O primeiro passo é contar com protocolos específicos, como o sistema HL7 (Health Level Seven) ou TISS (Troca de Informação de Saúde Suplementar), que são responsáveis por converter os sistemas automaticamente, sem necessidade de trabalho manual de uma pessoa.

HL7 (Health Level Seven)

O HL7 é um conjunto de normas centralizadas em uma camada chamada de “camada 7”, que opera no modelo OSI (Open Systems Interconnect) de comunicação entre computadores adaptados para o sistema. 

O protocolo serve para transmissão de mensagens entre equipamentos, sistemas de gestão médicos e bases de dados.

Recentemente, o HL7 lançou uma nova versão, chamada HL7 FHIR, no qual reúne atualizações importantes para promover maior flexibilidade e facilidade de implementação da interoperabilidade.

Em resumo, hospitais que normalmente possuem sistemas diferentes conseguem se comunicar através dos protocolos do HL7, usando uma interface que funciona como uma “ligação” entre diversos sistemas.

TISS (Troca de Informação de Saúde Suplementar)

O TISS tem como principal objetivo a padronização de registros eletrônicos, ações administrativas, acompanhamento financeiro das operadoras de convênios médicos, etc.

Dessa forma, o modelo é considerado padrão para troca de informações entre os agentes de saúde e planos de saúde.

O padrão TISS obrigatoriamente segue critérios de interoperabilidade recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.


Por fim, utilizar a interoperabilidade é uma das melhores maneiras de gestores e administradores implementarem melhorias, não apenas na gestão, mas no atendimento oferecido aos pacientes dentro da instituição.

A implementação implica em otimizar processos e atividades rotineiras do dia a dia de trabalho nas clínicas, e apesar dos desafios, representa a chance de se qualificar e se destacar pelo atendimento no setor de saúde.

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